Recuperação administrativa, mais uma alternativa às empresas

Advogado explica que a medida pode evitar a recuperação judicial

 

Empresas com dificuldades financeiras têm cada vez mais recorrido a uma modalidade de recuperação pouco divulgada, a recuperação administrativa, também chamada de acordo extrajudicial, que consiste em renegociar as dívidas com bancos através de um fundo de crédito. Nesta modalidade os fundos compram as dívidas da empresa, havendo uma portabilidade dos débitos.

As negociações de taxas e prazos com estes fundos são muito mais benéficas que as tratadas com os bancos habitualmente. Enquanto nos bancos as taxas de juros podem chegar a 30% ao ano, na negociação com os Fundos as taxas não passam de 18% ao ano. A alternativa também pode ser usada em dívidas junto às trades e multinacionais do agronegócio.

O interesse desses fundos é por dívidas com valores acima de R$ 1 milhão, sendo que alguns só negociam a partir dos R$ 10 milhões. “Alguns destes fundos têm até R$ 2 bilhões à disposição para crédito estressado”, explica o advogado Antônio Frange, especialista na recuperação administrativa e judicial.

Frange aponta que a recuperação administrativa tem vantagens e o deságio pode chegar a 80% e os juros são baixos. “É uma medida para empresas em estresse financeiro, situação em que muitas se encontram nestes tempos de crise econômica no país. É uma 1ª opção antes de uma recuperação judicial”.

O deságio da negociação com o fundo pode ser de 40% a 80%. Além disso, a empresa pode receber o “dinheiro novo”, isto é, novos recursos para investir na empresa, recursos que os bancos já não dispo nibilizam para empresas endividadas. Esse dinheiro novo tem várias formas de garantia, como alienação fiduciária, duplicatas e outros recebíveis. “Os bancos e as multinacionais estão bastante abertos e favoráveis a este tipo de renegociação extrajudicial. Calculam que é melhor chegar a um acordo do que correr o risco de ver o empresário entrar em uma recuperação judicial. Os 2 processos são custosos e demandam um longo tempo para concretizar. A renegociação é vantajosa para os 2 lados”, concluí Frange.

*Antônio Frange Junior é advogado e atua na área de Recuperação Judicial